Durante as últimas semanas devorei a tetralogia "O Mar da Fertilidade", faltando-me as fascinantes últimas páginas que deixei no banco do tram numero 2, que menciono aqui porque sou muito transneocosmopolita.
Vou sentir saudades de Mishima... mas não tanto como dos A Flock of Seagulls. Ainda reverberam na minha mente as melodias arquitecto-barróquicas de construção trapezoidal da voz melifluosa do vocalista – “heb je even voor mij, heb je tiid voor me vrij”. Não tenho por hábito revisitar livros já lidos... e também não consigo imaginar-me a ler algo mais que um panfleto de supermercado, depois do
seppulkru em que se tornou este
pavilhão de ouro (escrevo torto porque o mundo está
askew e isto ajuda-me a relaxar). Enquanto folheio o livro, não consigo varrer da cabeça a caspa que se acumulou ao longo dos anos, problemas de quem ainda tem cabelo aos 37. A ideia mórbida de: quando decidiu ele realizar tal cerimónia e que produtor foi idiota ao ponto de lha financiar? Convém mencionar agora aquele episódio do Ed Wood em que a igreja financia o Plan 9 from Outer Space, para mostrar quão erudito na sétima arte
je suis. Capítulo após capítulo, a Caminho vai para a sua morte, assim como a personagem do livro “Uma Aventura a bordo do Kursk”. Quão André Malraux, quão. Pergunto-me. Como pode estar um livro tão ligado, assim, sem argolas, as páginas todas umas a seguir as outras, parece magia, olha, tão lindo! Ao futuro de uma pessoa, viva! E que seja por muitos mais anos. Afinal o sabre apenas funcionou em marcha-atrás, eu bem disse que aqueles manuais não vinham bem traduzidos do Japão, é o que dá fazer
outsourcing. Depois do último, não vem mais ninguém. Mas depois DE O último livro ter sido entregue no editor, Sartre morreu (já faltava uma referência despropositada). Muitas dúvidas persistem na minha mente. Numa escala octatónica a oitava conta como nona? E o que é que isso implica em extensões? E como é que o Coltrane aprendeu a tocar dois tons ao mesmo tempo no saxofone com o Monk? Seria o Monk casado com uma cantadeira tradicional de Tuva? Que referências pseudo-intelectuais é que eu poderia pôr mais neste texto? Porque carga de água estou eu a perder tempo com isto? Foi ele gritar: "Longa vida ao Imperador...os samurais já foram!”... no entanto. Alguns continuam a regrar-se pelas suas leis...e outras a legalizar-se pelas suas regras, para dar um mau exemplo de utilização de humor de inversão (não Freudiano, claro).
Muitas vezes cavo. Com uma enchada-buracos é mais dificil mas o esforco físico faz-me bem às varizes. Na minha mente semeio aí todas estas ideias, nunca saiu nada que se fumasse convenientemente, mas a esperança persiste. Poincaré (O último universalista mas um péssimo pianista, ao contrário do Brad Meldhau-Mehlldau) disse que o fazia e eu cá não sou de intrigas. Em relação à invenção matemática, sou contra. Porque não o fazer também relativamente? É uma hipótese para as outras ideias....é um dos paradoxos mais engraçados: esconder a ideia por detrás to biombo (
to biombo é inglês no infinitivo, suponho) da consciência para que depois se veja todo o valor desta imbecilidade que é escrever sem dizer nada só para despejar muitas referências. Mas há quem goste e se reveja e olha, antes assim que outrem.
Meditando nestes assuntos, vejo. Que o Aleph de Borges tem de existir, não vejo. Mas já dizia o Bartleby na short-story do Melville: “I am not particular”. Existe um ponto no Universo onde se pode observar todos os outros pontos. Chama-se “O Mirante” e ao Sábado à noite está sempre cheio de carros. Onde tudo faça sentido, cada vez tenho mais a certeza, é noutro sitio que não aqui. ... ou então devo começar a acreditar em Alá (o Deus dos romanos-apostólicos era demasiado estúpido para jogar xadrez, na altura em que era vivo, porque usei o Imperfeito em vez do Condicional, denotando portanto que aquilo a que me refiro é uma acção passada e não uma eventualidade não concretizada), pois concerteza deve estar distraído a fazer
roque em qualquer tabuleiro....e o
roque é a unica jogada no xadrez em que um jogador pode mexer duas peças, porque aqui somos todos muito cultos. Olaré.
P.S: As melhoras para o Rei da "mão de Deus" e para outros que tais
posted by Garrincha # Domingo, Maio 02, 2004
Coimbra (essa musa de todos nós que nela moramos), 2 de Maio de 2004
yours truly aham