A pedido de muitas famílias decidi escrever um livro (pequeno manual será o termo mais indicado). A árvore já plantei, várias até (arbustos será mais perto da verdade). Só ainda não fiz um bebé porque tenho medo q a parteira diga “bebé não, aborto é o termo mais indicado”.
Lançarei o livro em posts à medida q consiga decifrar a letra das minhas notas ou escreva o q falta, qual das duas acontecer primeiro. Ficaria bonito com algumas fotos q tenho, mas ainda n domino o bem o blog…criticas, duvidas, workshops de controlo de qualidade. Disponham.
O Cânhamo Como Cultura Recreativa Para Jovens Agricultores
Introdução
Ao apresentar estes estudos sobre a cultura do cânhamo que escrevi, nada mais são que notas, colhidas aqui e acolá resultado da experiência que adquiri com cânhamo. Não tem pretensões técnicas e muito menos literária. Recordo-me ainda das dificuldades encontradas, quando me iniciei a esta cultura. Essa recordação é o meu desejo de que as pessoas que nunca tenham cultivado cânhamo se não deparem em tais embaraços. Com estes apontamentos, exprimo as minhas convicções de momento acerca da cultura do cânhamo. Ê possível, contudo, que amanha tenha de desmentir o que hoje afirmei, se porventura verificar factos contrários aos até agora observados. Possa eu despertar um pouco a curiosidade dos nossos agricultores e ao mesmo tempo familiariza-los com as dificuldades, mas também com os proveitos económicos/recreativos, que podem advir da cultura do cânhamo, e ficarei satisfeito acaso, algum dia, queiram enviar amostras para controlo de qualidade.
CAPITULO l
BREVE NOTA BOTÂNICA
A humanidade reconheceu desde cedo as potencialidades desta angiospérmica, há cerca de 8.000 anos que esta espécie é usada em todo planeta na produção de tecidos pela excelente qualidade da fibra (uma das mais fortes do reino vegetal), também usada com fins medicinais. Houve por isso uma dispersão geográfica que deu origem a diferentes estirpes. A cannabis foi pela primeira vez classificada pelo botânico Carolus Linnaeus em 1753 no seu “Species Plantarum” que considerava todas as plantas de cannabis como membros de um único género. Botânicos posteriores, como Richard Evans Schultes, afirmaram que o género pode ser dividido em três espécies distintas, com base no padrão de crescimento, variedade das folhas, tipo de semente e variação química. As principais são: “Cannabis Sativa L” (cânhamo), comuns nas zonas equatoriais de todo o mundo. Variedades oriundas de países como a Tailândia, Colômbia e Nigéria, serão frequentemente da espécie Sativa. A Sativa é alta, entre 1,80m e 4m (mas há registos de indivíduos que podem chegar até aos 6m), de ramificações descuidadas com estreitos denteados nas folhas. Estas plantas requerem níveis muito altos de luminosidade para que as suas flores amadureçam convenientemente. A “Cannabis Indica” (marijuana), pelo contrário, é mais baixa e tem um denteado mais largo nas folhas. Os ramos são mais curtos, as flores juntas e resinosas mantêm-se próximo do caule central. A Indica requer níveis mais baixos de luminosidade e um período mais curto de floração para maturar, sendo provavelmente originária dos vales Hindu-Kush entre as latitudes 25' e 35'. É a mais potente das espécies mãe mas com desvantagens para a produção nacional. E a “Cannabis Ruderalis”, é originária de regiões muito mais a norte, na Rússia e na Europa de Leste, sendo mais baixa, mais arbustiva, e requerendo ainda menores níveis de luminosidade. Os efeitos psico-activos da Ruderalis são mínimos, tendo os produtores procedido ao cruzamento da sua espécie com outras de grande potência, como o Skunk, numa tentativa de criar uma marijuana de alta potência que matura mais cedo, sem estufa nem luz, em partes temperadas e subtropicais do mundo. Como a Holanda, a Inglaterra e o Canadá.
O cânhamo — “Cannabis Saliva, L”. — e uma planta dióica, anual, herbácea, de folhas persistentes, pertencente a família das Urticáceas e á sub-família das Cannaboideas ou Cannabináceas. A raiz é aprumada, profunda e revestida de pequenas radículas. Apresenta porte erecto, folhas pecíoladas e compostas, caule sucoso, cavidade medular e casca fibrosa recoberta de pequenos pêlos ásperos, os quais adquirem ainda maior aspereza depois das plantas secarem. Quando cultivada em densidade apertada, a planta, do cânhamo reduz a uma haste única e esguia, mas é susceptível de ramificar-se,
quase desde a base, apresentando-se relativamente frondosa e lenhificando-se muito levemente na parte inferior do caule, fazendo lembrar um pequeno arbusto, quando vegeta isolada ou disponha de espaço. Todavia, embora ramificando-se, nunca «afilha».
Em virtude de se tratar de uma dióica, as flores são diferentes nas plantas femininas e masculinas. Nestas encontram-se dispostas em panículas, ao passo que nas femininas, pouco numerosas, se agrupam na axila das folhas localizadas na extremidade dos ramos. Esta circunstância das flores femininas só se desenvolverem nas extremidades dos ramos faz com que seja necessário sistemas de cultura diferentes, conforme se pretenda a produção de sementes ou a vertente mais recreativa, a de frutos ou flores, visto no segundo caso convir para que se formem abundantes braços laterais, gosta de espaço para assim maximizar a produção de fruto. As plantas do sexo feminino, embora de desenvolvimento mais lento, são mais vigorosas, atingem maior altura têm e grossura, têm maior tendência para se ramificarem e, em geral, são mais folhosas e de cor verde mais carregada. Esta maior robustez faz com que, frequentemente, as pessoas pouco relacionadas com a botânica canabinácea as confundam, considerando-as indivíduos masculinos.
A vida nas terras pobres e mal fertilizadas, nas excessivamente húmidas, como nas secas, ou ainda a existência de encharcamento proveniente de rega mal conduzida e de modo geral tudo quanto signifique meio desfavorável ao desenvolvimento da planta, parecem influir na diferenciação dos sexos, originando o aparecimento de mais pés masculinos do que femininos. Pelo contrário, quando o cânhamo vegeta em solo rico, bem fertilizado e regado, quando baste em suma, sempre que encontre meio vantajoso, regista-se certo equilíbrio entre o número de plantas dos dois sexos e talvez possa mesmo dizer-se que se nota predominância de plantas femininas.
Os indivíduos masculinos têm desenvolvimento mais precoce do que os femininos. Daqui resulta que, na época da fecundação, apresentam maior altura do que estes, circunstância que favorece a polinização, pois permite que o pólen, na sua queda, encontre as plantas femininas e se espalhe sobre elas. Este facto dá-nos a ideia de uma
precaução tomada pela Natureza, para facilitar a fecundação. Aliás, o fenómeno da fecundação, mesmo que isso não sucedesse, estaria favorecido pelo facto do pólen ser muito fino, motivo por que se espalha facilmente e chega a ser transportado, pela acção do vento, a distâncias de mais de 500 metros, recomendo cuidado com a proximidade dos sexos na localização escolhida .
O fruto do cânhamo é um aquénio arredondado, envolvido por cálice e persistente, liso, duro e frágil, de cor cinzenta mais ou menos escura, por vezes raiada de claro (depende de cada variedade), e brilhante, quando bem maduro. Tem um tamanho aproximado de uma pequena «ervilhaca», é oleaginoso contem uma só semente, com um único embrião. Os frutos aglomeram-se em cabeças que podem conter centenas de embrioes. Esses frutos perdem rapidamente o seu valor químico (THC) assim que são fecundados por um macho. Como já referi, manter as fêmeas longe do pólen dos machos é obrigatório para obter os melhores resultados.
As sementes tem aspecto redondo/oval de 2, 3mm de diâmetro de casca lisa, castanhas ou azinzentadas com ou sem riscas. Dão indistintamente origem a indivíduos femininos ou masculinos, fazendo impossível saber previamente o que a tal respeito se vai passar, a menos que sementes transgenicas tenham sido utilizadas ou tratadas com um banho hormonal (ver nota seguinte). A diferenciação dos sexos só se nota quando as plantas já atingiram um certo desenvolvimento, cerca de 4 a 6 semanas após a sementeira.
Breve nota Química
(proximo post)