"I'm leaving because the weather is too good. I hate London when it's not raining." - Groucho Marx
terça-feira, agosto 31, 2004
Por mais voltas que dê, esta música volta a enrolar-se no estômago como pernas e braços de uma mulher esfomeada.
Há três anos atrás eu trabalhava com um Professor na universidade. Segundo ele, na juventude tinha tido uma banda para as festas nas aldeias, contudo as músicas que gostavam de tocar não eram propriamente do agrado das plateias. Então, quando podiam, «tocavamos uma musiquinha dos doors». A plateia normalmente espantava-se, ao que eles replicavam: «é a última música do Roberto Carlos... em inglês».
Ok...passados meses de o ter conhecido e ter travado amizade com ele, descobriu que tinha um tumor maligno nos pulmões e já tinha metástases na cabeça...enfim descobriu que estava condenado a não ver a sua filha recém-nascida crescer devido aos anos de cigarrilhas. Muitas vezes ele confessou no Hospital (enquanto as pessoas lhe tentavam dar alento): «daqui já não saio». Um dia, passados alguns meses de radioterapia e quimioterapia ele telefona-me a marcar uma reunião, a voz era enrolada como se a lingua de repente se tivesse tornado cortiça, a filha aos berros, e a música estava tão alta que tornou quase imperceptível a comunicação. Por detrás de tudo aquilo...."Riders on the Storm"...confesso: bati mal.
RIDERS ON THE STORM
Riders on the storm
Riders on the storm
Into this house we're born
Into this world we're thrown
Like a dog without a bone
An actor on the lone
Riders on the storm
There's a killer on the road
His brain is squirmin' like a toad
Take a long holiday
Let your children play
If ya give this man a ride
Sweet memory will die
Killer on the road, yeah
Girl ya gotta love your man
Girl ya gotta love your man
Take him by the hand
Make him understand
The world on you depends
Our life will never end
Gotta love your man, yeah
Wow!
Riders on the storm
Riders on the storm
Into this house we're born
Into this world we're thrown
Like a dog without a bone
An actor on the lone
Riders on the storm
Riders on the storm
Riders on the storm
Riders on the storm
Riders on the storm
Riders on the storm
segunda-feira, agosto 30, 2004
domingo, agosto 29, 2004
Siempre quise ir a L.A.
dejar un día esta ciudad
Cruzar el mar en tu compañía
Pero ya hace tiempo que me has dejado
y probablemente me habrás olvidado
No sé que aventuras correré sin ti
Y ahora estoy aquí sentado
en un viejo Cadillac segunda mano
Junto al Marbellí
a mis pies mi ciudad
Y hace un momento que me ha dejado
aquí en la ladera del Tibidabo
la última rubia con quien iba a probar
el asiento de atrás
Quizás el Martini me ha hecho recordar
Nena, porqué no volviste a llamar
Creí que podía olvidarte sin más
y aún a ratos ya ves
Y al irse la rubia me he sentido extraño
me he quedado solo fumando un cigarro
Me ha sentenciado, nostalgia de ti
Y desde esta curva donde estoy parado
me he sorprendido mirando a tu barrio
Me han atrapado luces de ciudad
El amanecer me sorprenderá
dormido, borracho, en el Cadillac
bajo las palmeras, dulce y solitario
Y dice la gente que ahora eres formal
y yo aquí borracho en el Cadillac
bajo las palmeras, dulce y solitario
y no estás tú ¡¡Nenaaaa!
El amanecer me sorprenderá
dormido, borracho, en el Cadillac
bajo las palmeras, dulce y solitario
Y dice la gente que ahora eres formal
y yo aquí borracho en el Cadillac
bajo las palmeras, dulce y solitario
y no estás tú ¡¡Nenaaaa!!
¡¡Nenaaaa!!
(Y no estás tú)
(Y no estás tú)
(Y no estás tú)
(Y no estás tú)
Oh nena nena nena no estás tú
sábado, agosto 28, 2004
Faço sinal e mando parar o barqueiro. Olho em redor e não vejo indicação do destino... mas penso que também pouco interessa o destino e sim a jornada. Entro, sento-me, faço o cachimbo da noite e pergunto se há alguma coisa que se beba, neste barco de um só banco. O barqueiro ignora-me e continua a remar como se estivesse sozinho. Olho para a camisa e reparo na inscrição:"Chamo-me Charon". Grito desta vez mais alto: «ei barqueiro!, que rio é este que cheira a coxas e seios suados». Ele murmura: acheron. Não conheço, mas parece-me interessante - um dia hei-de investigar sobre este rio sem peixes. Ajeito a boina e deixo o fumo do fornilho fazer espirais dentro do meu corpo. Olho para o lado direito e vejo um auto-rádio, rodo o botão do volume. Como se de labaredas se tratassem, começa a sair: "keep your eyes on the road and your hands upon the wheel...". Relaxo a pensar que pelo menos tenho boa música. Olho para a margem e vejo um rapazinho de cabisbaixo, onde três gotas escorrem pela cara. Apercebo-me melhor, vai num carro em viagem. Vai deitado no banco de trás a fingir que dorme. Vagas anteriores abriram sulcos na sua cara. Parece ir abraçado a um corpo de olhos fechados. Ele apenas pisca com os olhos a mensagem:«porquê?». Porquê...porquê... nesse mesmo instante o barqueiro vira a cara e respira:«porque todos têm que me conhecer, todos têm de saber como assobio». Estranho, mas nada me perturba. De facto a cara do leme não me é estranha e parece-me natural, é como se já tivessemos partilhado a cama várias vezes.
A barca abranda e atraca junto a uma das margens. É-me comunicado que devo sair. Que pena, agora que se ouvia "They're writing songs of love, but not for me. A lucky star's above, but not for me...". But not for me...but not for me. À saída, duas belas mulheres estão encarregadas de distribuir folhetos turísticos. Depois de desenhar todas as curvas presentes num corpo daqueles, leio um destes. Em letras garrafais «EXPOSIÇÃO CANINA: uma vida».
Procuro informações sobre o bar, com whisky, mais próximo. Abordo uma rapariga bonita, com esperança de vê-la a acompanhar-me na minha busca, ao que ela me corta a esperança de sucesso com a resposta:"Já foste ver a EXPOSIÇÃO CANINA?". Experimento abordar outras pessoas e todas elas me respondem:"Já foste ver a EXPOSIÇÃO CANINA?". Fodaaaaaaaaasse, que raio será essa EXPOSIÇÃO CANINA. O corpo de olhos fechados de há pouco sussurra-me, antes de se esvanecer: «Neste lugar só existe a exposição canina. Depois, se conseguires, tens de apanhar a boleia do barqueiro».
Compro uma entrada para a dita exposição. Entro num anfiteatro e consigo ver milhares de quilometros de jaulas tapadas com panos pretos, género Luís de Matos . Após uns minutos de norah jones ouço:«meus senhores vamos dar inicio à exposição VM (versão masculina), façam o favor de desligar os telemóveis, apagar os cigarros e desde logo sabem que é ilegal filmar ou fotografar o que quer que seja que vejam». Num espaço de milhares de lugares sentados, somos pouco mais de dez. A sessão era anunciada como tendo duração de meses...
De repente as luzes apagam-se. O pano da primeira jaula cai ao jeito de guilhotina e vê-se uma cadelinha e um rafeiro enorme. Após uma longa resistência a cadela é assaltada e atravessada pelo impeto do companheiro (sorte que a mãe a obrigou a tomar a pilula). Após dias a dormir junto do rafeiro, a cadela decide dormir encostada ao canto oposto. O cão, ergue-se e ladra. A cadela rapidamente junta-se ao seu penetrador.
Aparece um homem e abate a tiro o cão. A segunda jaula é destapada e vêm-se dois belos rafeiros. A cadela é introduzida. Após terem brigado, o cão vencedor usufrui do seu triunfo. À noite, sem este último dar conta, a cadela rebola com o outro cão, sem qualquer explicação.
Após uns meses, aparece um homem e abate a tiro os dois cães. Numa terceira jaula a cadela é introduzida num grupo de centenas de cães sem o gene da agressividade. Muitos dos cães mais bonitos tentam aborda-la mas nada conseguem. Ao fim de alguns dias, a cadela escolhe o mais diferente de entre todos eles. Passados uns meses esse mesmo cão já se confunde com os outros e é rapidamente cognominado como o cão cujos cornos nasceram até ao chão.
Depois, como se alguém pegasse num comando de video e carregasse no forward, os dias passaram a demorar segundos, as semanas minutos e os meses horas. Durante este periodo, as experiências foram-se sucedendo com a cadela, com um neon por detrás a piscar «Factor Orwelliano». Findo alguns meses chega-se à última das jaulas. É destapada e vê-se um conjunto de homens e uma mulher. A mulher rapidamente elege o seu preferido, dando-lhe a troco de uma submissão total às suas ordens, o seu leito. Enquanto "o eleito" fecha o olho, a mulher embeleza-se, activa o seu saco de feromonas e esfrega-se com todos os outros homens, um por um. No fim deste periodo de rotação todos os homens são decapitados e a mulher é vestida, sai e senta-se na plateia.
Quando a sessão acaba ao fim de alguns anos a plateia do anfiteatro tem cerca de dez homens e o resto preenchido por mulheres.
Enquanto encolho os ombros, o barqueiro conduz-me de novo à margem de onde parti e vai repetindo «Everything is broken up and dances». Quando me deixa sair pergunta-me: será que tu agora já consegues entender?
sexta-feira, agosto 27, 2004
Ensaio Acerca Das Mulheres
Paga a sua divída à vida, não pela acção, mas pelo sofrimento, pelas dores do parto, pelos cuidados inquietos da infância; deve obdecer ao homem, ser uma companheira paciente que o tranquilize.
Não é feita nem para os grandes esforços, nem para penas ou prazeres excessivos; a sua vida pode correr mais silenciosamente, mais insignificante e mais quieta que a do homem, sem que elaa seja por natureza nem melhor nem pior.
O que torna as mulheres particularmente aptas para cuidarem e para dirigirem a nossa primeira infância, é elas mesmas ficarem pueris, fúteis e limitadas; ficam toda a sua vida crianças grandes, uma espécie de intermediárias entre a criança e o homem.
Observe-se uma rapariga nova bricando um dia inteiro com uma criança, dançando e cantando com ela.
Imagine-se o que um homem, com a melhor vontade do mundo poderia fazer no lugar dela
Nas raparigas a natureza parece ter querido fazer o que em estilo dramático, se chama teatro, adorna - as
por alguns anos de uma beleza, de uma graça, de uma perfeição extraordinárias, à custa de todo o resto da sua vida, a fim de que durante esses rápidos anos de esplendor, elas possam apoderar-se fortememnte da imaginação de um homem e levá-lo a encarregar-se lealmente delas de um modo qualquer. Para o bom êxito desta empresa a pura reflexão e razão não davam garantia suficiente. Por isso a natureza armou a mulher. Como todas as criaturas, com armas e instrumentos necessários para assegurar a sua existência e somente durante o tempo indispensável. Porque a natureza actua neste ponto com a sua economia habitual: do mesmo modo que a formiga fêmea depois da sua união com o macho, é perigosa para a incubção, assim também a maior parte das vezes , depois de duas ou três concepções a mulher perde a sua beleza, sem dúvida pela mesma razão.
Daí provêm que as raparigas consideram geralmente as ocupações do lar ou os deveres do seu estado como
coisas acessórias e puras bagatelas, ao passo que reconhecem a sua verdadeira vocção no amor, nas conquistas e em tudo o que dele depende, o vestuário, a dança, etc.
(in Amor, Mulher e Casamento - Schopenhauer)
Donostiako Udala.
Os campos de restolho , o amarelo pungente, os campanários... ia pintando tudo mentalmente ...
Espicaçava furiosamente todos os cavalos do meu carro...
As planicies foram dando lugar ás serras... sulcava o maciço antigo...
Ao deslizar pelo último túnel... renasci.
Ali estava ela... Donostia, a pérola do Euskal Herria.
Procurei alojamento na parte velha da cidade, pois paradoxalmente, é aí que vida pulsa jovialmente.
Nas ruas... a confluência de culturas ...
Ahhh... as mulheres... tanta beleza... tantos traços diferentes.
No fumo do meu cachimbo desenhei algumas ...
(Post em progresso... demasiado inebriado para articular por palavras tudo o que lá vivi)
quinta-feira, agosto 26, 2004
Aralc
Ficar ou partir são coisas que não domino. Esperar o momento errado para demonstrar a minha dislexia de emoções é a minha especialidade.
Depois de passear a mão no teu corpo e sentir o que ele me tinha a dizer, quero permanecer em ti sobre a forma de tatuagem. Por mais homens que te ludibriem e te façam fintas com o corpo, eu estarei lá.
"
Quero ficar no teu corpo feito tatuagem
Que é pra te dar coragem
Pra seguir viagem
Quando a noite vem
E também pra me perpetuar em tua escrava
Que você pega, esfrega, nega
Mas não lava
Quero brincar no teu corpo feito bailarina
Que logo se alucina
Salta e te ilumina
Quando a noite vem
E nos músculos exaustos do teu braço
Repousar frouxa, murcha, farta
Morta de cansaço
Quero pesar feito cruz nas tuas coisas
Que te retalha em postas
Mas no fundo gostas
Quando a noite vem
Quer ser a cicatriz risonha e corrosiva
Marcada a frio, a ferro e fogo
Em carne viva
Corações de mãe
Arpões, sereias e serpentes
Que te rabiscam o corpo todo
Mas não sentes"
(Chico Buarque)
quarta-feira, agosto 25, 2004
Existem palavras e desenhos que ficam gravados
.
"If I don't meet you no more in this world. I'll see you in the next one..and don't be late!"
De manhã, quando fui à praça velha comprar cebolas vi uma cara que se fixou na minha memória. Rapidamente fiz uma pesquisa aos ficheiros em arquivo, e lá está ele...Aquela senhora era a personagem que estava na praça 8 de maio quando um grupo de salseros cubanos vieram cá tocar. Na altura, parecia telecomandada por um senhor numa mesa da esplanada. Ela andou, beijou, rodopiou, sentou, cantou, sorriu e no fim foi com ele pela primeira rua do largo. Hoje encontrei-a... de chapéu de comandante de navio de sorriso içado, agarrada a um homem. Nada me pareceu estranho, nem o chapéu, nem o sítio onde a reencontrei, nem o sorriso, nem o homem...apenas a hora, era 11:30!
terça-feira, agosto 24, 2004
Dizer-se que existe uma relação entre um homem e uma mulher, é estar-se a admitir um início e um fim. Demasiadas vezes consegue-se apontar o início e perdemo-nos em novelos, como se de gatos se tratassem, para admitir o fim. Em outras, apaga-se a chama de viver para poder habitar sobre o mesmo tecto e partilhar o ar que se respira.
De momento sinto-me numa situação nova, ainda não tem anúncio de televisão, em que se o início está bastante claro, o fim... já tem data e hora anunciada. Não sei porquê, mas lembro-me da matança do porco, com o animal a estrebuchar e a faca a desenhar morte na sua pele.
Lá está o Chet a cantar:
"There are those who can leave love or take it
Love to them is just what they make it
I wish that I were the same
But love is my favorite game
I fall in love too easily
I fall in love too fast
I fall in love too terribly hard
For love to ever last
My heart should be well-schooled
'Cause I've been burned in the past
And still I fall in love too easily
I fall in love too fast"
segunda-feira, agosto 23, 2004
Quanto mais um indivíduo cultiva as artes,
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Foder é querer entrar noutro, e o artista nunca sai de si.
(in Escritos Intímos - Baudelaire)
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Adolescente Virgem
(...)
Pilar rosa e sombra perdoa-me!
Eu gostava tanto de me abandonar
num vale de mulher e entrar
na tua dança a dois tempos.
Sombrio e belo em tua curva altiva!
Eu quisera venerar-te nos impulsos das ancas
Mas os homens a uma só voz
recusaram-me o ensejo.
Arrancaram as portas ods gonzos
e barraram o caminho.
Só a minha homenagem te desflora
Atua torre erguida penetra o nada.
Perdão!
( in Gencianas Bávaras e outros poemas - D. H. Lawrence)
Pois...
Desci as escadas abri a porta e não consegui conduzir. Saí, sentei-me no muro em frente, enchi a fornilho do cachimbo com sunset breeze e olhei para a janela. A luz ainda estava viva. Levantei-me e fui-me sentar à frente da janela do leito. À minha frente revisitaram-me dois cães, um amarelo e outro mais pequeno branco malhado de castanho. Sentou-se à minha frente e trincou uns parasitas que o incomodavam. O sino gritou as horas...1...2...3....4...5. Cinco da manhã. Levantei-me, dei uma última mirada e conduzi o carro até casa. À porta de casa atravessou à minha frente um gato preto (engraçado...durante a noite falamos na abundância de gatos pretos do local de onde eu vinha).
Vou-me deitar...e não me esqueço que amanhã vou telefonar a dar um bom dia de trabalho à pessoa que o leito adornava. Será que ela já dorme? e os lábios já terão esquecido o sabor dos meus?...que prepotente que sou. Não sei como o dia vai acordar amanhã, mas a memória de hoje já ninguém ma rouba.
domingo, agosto 22, 2004
Bebericava o meu chá e fumava calmamente o meu Hilson quando inadvertidamente na parede do café começa a ser projectado o "the Wall".
- e o Bob Geldof com as sombracelhas rapadas! Sempre que falamos de Pink Floyd e no "the Wall" é algo que o meu amigo Nuno João faz questão de referir.
Rever o filme foi viver tempos idos e, quando o "another brick in the wall" se fez ouvir...
[chorus at end by pupils from the Fourth Form Music Class Islington Green School, London]
(Pink Floyd - Another Brick In The Wall (Part II)
...foi impossível não regressar à sala de aulas, local onde "vivi" alguns dos momentos mais criativos da minha vida.
A ementa de hoje à noite
Tal como falei na madrugada de ontem (é incrível como a maior parte dos escritos são feitos de madrugada) hoje à noite, eu e um colega de ofício, vamos cozinhar para duas belas damas. Não porque fomos obrigados ou pressionados a tal, simplesmente porque nos dá gosto cozinhar para duas belas damas e desfrutar de um jantar na sua companhia.
O dia começou de manhã cedo a deslocarmo-nos ao mercado da Figueira da Foz para comprar a sapateira e as ameijoas, que irão ser ingredientes fundamentais na nossa ementa.
Sapateira
A confecção da sapateira é simples: coze-se durante 15 minutos a sapateira em água com sal e picante a gosto. Depois deixa-se mais 5 minutos na água da fervura para tomar um pouco mais de gosto.
Tiram-se as pernas. E a parte interior (faz-se figas para ter bastante ovas - os denominados corais) é picada com uma faca e juntam-se um pouco de picles também picados. Para terminar gosto de lhe juntar um pouco de vinho branco ou cerveja para ficar um pouco mais ligado. Depois é só não esquecer de comprar tostas, porque ao domingo à tarde o Continente fecha.
Carne de porco à alentejana
>Ingredientes:
2dl e 1/2 de vinho branco
800 grs de carne de porco tenra
3 dentes de alho
2 colheres de (sopa) de massa de pimentão
sal e picante q.b.
1 raminho de coentros
2 folhas de louro
1 limão
125 grs de banha
800 grs de amêijoas
>Confecção:
Corte a carne em cubos com cerca de 30 grs cada e tempere com massa de pimentão, o alho esmagado, as folhas de louro, sal e pimenta e o vinho branco.Envolva tudo muito bem e deixe nesta marinada cerca de +- 4 horas (hoje não vamos ter tempo para deixar a temperar tão bem, o que é uma pena porque a companhia merecia). Entretanto ponha as amêijoas em água com sal (de preferência àgua do mar) durante 2 horas para perderem a areia; findo esse tempo lave-as muito bem em água corrente (esfregar umas contra as outras). Deite a banha numa frigideira grande e quando estiver quente, deite a carne bem escorrida e deixe fritar, mexendo de vez em quando, até ficar frita e loura; junte depois o líquido da marinada e deixe ferver cerca de 2 minutos e junte depois as amêijoas.Vá mexendo e logo que as amêijoas estejam abertas, junte os coentros picados.Misture bem e sirva imediatamente decorado com gomos de limão.
Para beber, iremos levar (para aqueles que bebem alcool) uma garrafa de Muralhas de 2003 - que já está a refrescar- para beber em companhia da sapateira e uma garrafa de Marquês de Borba de 2002 para regar os quadrados, que se esperam deliciosos, da carne de porco. Enfim nada de especial mas adequado à comida.
Quanto à musica levamos alguma musica popular brasileira e jazz....e muito mood.
E como a minha mãe é Alentejana,
.
The Word is on the the wall !!!
Ao conhecer um "Writer"(nome dado à pessoa que faz graffitis) chamado "Stuck" (este era o "Tag" que utilizava para assinar os seus trabalhos) não pude deixar de o interrogar ácerca dessa arte que me era tão distante.
O graffiti surge no inicío dos anos setenta na forma de "drops" (palavras ou frases de protesto social sem qualquer preocupaçao estética) ...
Só consigo pensar nas duas sapateiras... o estertor... o lânguido movimento das patas... a lutar pela vida.
O Oscar wilde tem uma fábula sobre um pardalito, que se oferece em sacrifício, para que o seu amigo humano possa oferecer à amada uma rosa vermelha.
Ao contrário deste, penso que o sacrificio, ainda que não voluntário das sapateiras nao será em vão.
Serão o manjar dos AMANTES.
... voltando aos graffitis...o melhor e deixar as imagens falarem por si.
Aqui ficam dois trabalhos do "Stuck"
sábado, agosto 21, 2004
O Homem que se passeia por entre os girassóis fumando tranquilamente um cigarro
tem por nome Corto Maltese.
Esta caminhada despreocupada irá levá-lo ao encontro da Morte...
(CM) - Desculpe, mas acho que não a conheço.
(M) - Nem é preciso...
... Basta que eu, a morte te conheça a ti!
(CM) -Não pensava que a minha hora tivesse chegado,
(M) - Aí é que está o mal. Ninguém espera a sua hora.
Alguns conseguiram escapar-me, uma dezena de malditos, ou talvez nem tantos.
É arriscado...
... Porque não é fácil viver eternamente, devo assegurar-te!
A mim cabe-me ceifar vidas, e é o que eu vou fazer...
Tu estás no meu caminho.
Foste realmente ingénuo ao vir ao meu encontro...
(in Corto Maltese - As Helvéticas)
O italiano Hugo Pratt viria a ter o seu econtro...
...com a imortalidade no Domingo, 20 de Agosto de 1995
1927 -1995
Antes de escrever aquilo a que me propus mentalmente e, depois de ler o post que antecede este, gostaria também de deixar alguns exertos de poesia "Morrisiana" que "trago" comigo quotidianamente.
"Where is the wine, The New Wine(dying on the vine)"
"The future is uncertain and the end is always near"
"It hurts to set you free, but you'll never follow me"
"Do you remember when we were in africa?"
"I love the friends I have gathered on this thin raft"
"This is the strangest life I've ever known."
Conduzia eu em direcçao a mais um dia de labor quando vislubrei na berma do alcatrão o corpo inerte de um ouriço cacheiro. Fiquei triste.
São cada vez mais raros...
Ali estva eu em frente à televisão a ver o Thomas Crown affair.
- Sabe como os porcos espinhos fazem amor- perguntava ela à psicóloga
- Com cuidado, muito cuidado... - responde ela
- Já reparou como são cada vez menos. Talvez essa necessidade ter cuidado os leve a nem tentar...
Talvez o mesmo aconteça com o ser humano quando encontra alguém "complicado(a)" , alguém que dê luta...
Penso que tinha em mente mais algumas coisas... acho que era uma reflexão Querosiana...enfim, já não me recordo... Lembro-me de alguém ter falado nos efeitos da lua cheia... que existem mais acidentes de viação e mais nascimentos.
Na realidade a única coisa que sei que está provada é a relação entre esta e as marés.
Têm um ciclo de vinte e oito dias e daí a expressão "a volta da lua" utilizada por algumas anciãs quando se referem ao ciclo menstrual das mulheres.
Não me recordo, mas tenho a sensação que me tinha proposto a escrever muito mais...
"The time is gone, the song is over, Thought I'd something more to say"
(The dark side of the moon - Pink Floyd)
Is everybody in?
"Awake
Shake dreams from your hair
My pretty child, my sweet one.
Choose the day and choose the sign of your day
The day's divinity
First thing you see
A vast radiant beach in a cool jeweled moon
Couples naked race down by its quiet side
And we laugh like soft, mad children
Smug in the wooly cotton brains of infancy.
The music and voices are all around us.
Choose, they croon, the Ancient Ones
The time has come again.
Choose now, they croon,
Beneath the moon
Beside an ancient lake.
Enter again the sweet forest,
Enter the hot dream,
Come with us.
Everything is broken up and dances"
Everything is broken up and dances, Everything is broken up and dances, Everything is broken up and dances... Morrison
Vou tentar desconstruir o dia de hoje em sílabas... o que vai ser complicado. Enfim: chegada de viagem de Espanha, um amigo encontrou uma parceira que lhe dá sossego e vai ver o Guggenheim, ouvi um fabuloso "Heroine" enquanto o fumo do sunset breeze enchia os meus alveolos, soube que no domingo vou cozinhar, com companhia, para duas belas damas, comi uns óptimos carapaus alimados ao jantar e... tudo faz sentido: "Everything is broken up and dances"...ah! e já me esquecia ele vai trazer-me uma boina basca.
A eterna procura do sossego....ainda não foi a minha vez.
>Fui viajar com uma amiga. Talvez porque o vício está no corpo e não é fácil abandoná-lo. Talvez porque já passei muitas horas com essa amiga e ela desconhece-me. Talvez porque não gosto de espetar os ferros. Talvez porque tenho o à vontade de desligar e não atender a conversa que ela me telefona. Talvez porque ainda não dissemos um ao outro, até um dia.
>Um amigo encontrou alguém que o sossegou, e vai visitar um país que adorei quando por lá passei. Como eu gostava de me embriagar de novo. De acreditar de novo que é possível, de acreditar de novo nos lábios de uma mulher. Como gostaria de revisitar Donostia na companhia de uma mulher em quem acreditar, como nunca o fiz.
>Quanto aos carapaus, uma vez que o meu pai é Algarvio:
Carapaus alimados à Algarvia
1 kg de carapaus de tamanho médio ;
3 cebolas médias ;
Uma dúzia de dentes de alho ;
Um molho de salsa ;
Oregãos ;
Azeite e vinagre;
Sal.
Amanha-se o peixe, tirando tripas e cabeça.Passam-se bem por água e vão-se dispondo num alguidar em camadas alternadas com sal.Deixam-se ficar assim, de um dia para o outro.Põe-se uma panela com água ao lume e, quando levantar fervura, junta-se os carapaus depois de passados por água, para tirar o sal, deixando cozer. Após a cozedura mete os carapaus em água fria para lhe permitir ( sem se partirem ) tirar toda a pele e algumas espinhas que estejam à vista. Colocam-se então os carapaus numa travessa, temperam-se de azeite e vinagre a gosto e cobrem-se com algumas cabeças de alho cortadas às rodelas, cebola às rodelas e salsa picada. Serve-se bastante frio.
> O "Heroine".... quantas vezes ouvi esta canção. Umas vezes alterado outras nem tanto.
Entretanto há sempre um nome que não abandona os meus pensamentos.
segunda-feira, agosto 16, 2004
Por detrás dos cactos, no interior da janela (onde a luz ainda persiste), ele dobra-se sobre os seus alfarrábios.
Procura uma razão para existir; uma saída não tão óbvia...
Não há som de saxofone por trás dos seus passos, não há chuva a cair copiosamente sobre a sua cabeça.
Na realidade da existência não há banda sonora.
"Por isso eu fumo ópio, é um remédio
só um convalescente do momento
moro no rés do chão do pensamento
e ver passar a vida dá - me tédio"
Recordo uma tarde em que na companhia de um "bando" de gatos vadios observava a torre d'Anto.
Fechei os olhos e deliciei-me a sentir o calor na face do sol que entardecia.
O "outoniço" Nobre ecoava dentro da minha cabeça...
Meu coração, não batas, pára!
Meu coração vai-te deitar!
A nossa dor, bem sei, é amara
A nossa dor, bem sei, é amara:
Meu coração vamos sonhar...
Ao mundo vim mas enganado.
Sinto-me farto de viver:
Vi o que ele era, e estou maçado,
Vi o que ele era, e estou maçado,
Não batas mais! vamos morrer...
Bati à porta da ventura
Ninguém me abriu, bati em vão:
Vamos ver se a sepultura,
Vamos ver se a sepultura,
Nos faz o mesmo, coração!
Adeus, planeta! adeus, ó lama!
Que a ambos nós vais digerir.
Meu coração, a velha chama,
Meu coração, a velha chama:
Basta por Deus! vamos dormir...
... um SMS "da mão que me assenta como uma luva" acaba de me esbofetear...
O fascínio do olhar
Existem mulheres que me fascinam só com o olhar. Poderia dizer até que a arma mais potente que uma mulher pode utilizar (consciente ou não) contra mim (ok, acreditem se quiserem, mas não é só tomates e ovos fora do prazo de validade) são os olhos.
Hoje conheci uma... e só me lembro de Baudelaire:
Viens, mon beau chat, sur mon coeur amoureux ;
Retiens les griffes de ta patte,
Et laisse moi plonger dans tes beaux yeux,
Mêlés de métal et d'agate.
Lorsque mes doigts caressent à loisir
Ta tête et ton dos élastique,
Et que ma main s'enivre du plaisir
De palper ton corps électrique,
Je vois ma femme en esprit. Son regard,
Comme le tien, aimable bête,
Profond et froid, coupe et fend comme un dard,
Et, des pieds jusques à la tête,
Un air subtil, un dangereux parfum,
Nagent autour de son corps brun.
domingo, agosto 15, 2004
Lembro-me de um dia estar com o meu amigo Zé Leitão no seu "tasco" de tatuagens e de body piercing.
O zé sempre foi um ávido leitor de livros esótéricos e de livros do fantástico.
Estava sempre a falar no Quinto Império.
Foi através dele que tomei conhecimento de um escritor de ficção científica chamado Ray Bradbury.
Agora muito em vogue devido ao filme anti-Bush do Michael Moore - Fahrenheit 9/11.
Ora aqui vou me distanciar um pouco daquilo que pretendo escrever para dizer: - estou me bem a FODER
se o Bush continua lá ou se vai para lá o marido da rainha dos ketchups.
Se o Sharon anda a construir um muro ao bom estilo Sovético ou se irá construir campos de concentração para os palestinianos ( que de santos, só têem aquela merda preta que segura o lenço na cabeça) onde se poderá ler na entrada « Arbeit macht Frei »
Como diria o poeta: "I don´t know what´s gona hapen, I just want to have my kicks before this shit house go up in flames." Poderá ser uma postura de merda mas é a que eu assumo.
Mas voltando... hum... sim, acho que era isto... O Zé contou-me, ilustrando, uma passagem de um dos livros do bradbury.
Havia duas cidades, uma em cada ponta. Uma estava em ruínas a outra era esplendorosa.
A meio do caminho encontram-se um humano e um ET. O humano dirige-se da cidade esplendorosa para a cidade em ruínas e o ET vem das ruínas e dirige-se para a cidade esplendorosa.
Ora foda-se já me estou a contradizer...
" Eu contradigo-me sempre" ( Richard Burton - Amarga Vitória de Nicholas Ray)
Parte 2 - "O Inimigo Público"
No outro dia falámos acerca da qualidade dos jornais portugueses...ou seja da nulidade. Contudo, existem (muito pequenos) laivos de originalidade e criatividade na imprensa. Um desses é o suplemento "O Inimigo Público" (se não aconteceu, podia ter acontecido). Vou transcrever um excerto de um artigo deste suplemento acerca da possibilidade (aprovada no parlamento) dos deputados poderem vender o seu bilhetes de classe executiva e comprarem mais bilhetes na classe turistica para os(as) acompanhantes:
"...O CDS-PP aderiu em bloco à iniciativa, guardando o lugar "extra" para os seus eleitores.«Calculo que precisaremos de dois meses e picos para proporcionar uma viagem à borla a toda a gente que votou em nós», esclareceu Nuno Melo, líder parlamentar dos populares. Marques Mendes é dos mais entusiastas da nova medida, explicando que vai usar o lugar livre para «poder esticar as pernas e viajar à larga»...."
sábado, agosto 14, 2004
Parte 1 - "Ideias sobre o espaço-tempo"
Há algum tempo atrás escrevi um post acerca das ideias de viagens no tempo. É sobre um tema semelhante a este que disserto agora.
A ideia de viajar no tempo é algo que me fascina, não pelas possibilidades que daí resultam mas devido à nossa (não) capacidade de dominar o que nos limita fisicamente, o tempo. Por conseguinte, desde há uns anos a esta parte leio e imagino factos acerca das teorias em que esta possibilidade assenta.
Hoje gostaria de falar sobre duas situações: 1) A ideia de o futuro coexistir com o presente; 2) A memória presente de cada um.
Sem querer aprofundar muito o tema, os físicos vêem o tempo como apenas um eixo das quatro dimensões (as restantes 3 dimensões são respeitantes às coordenadas espaciais) em que o universo espaço-tempo se compreende. Podemos imagina-lo como uma simples recta. Se quisermos falar de passado, presente ou futuro, reportamo-nos à dita recta em que se localizam três pontos distintos, colocados sequencialmente. As viagens no tempo não são mais do que saltos entre estes três pontos (assumindo que o passado, presente e futuro são entidades absolutas...o que é impossivel mas para efeitos do que quero falar, serve). Neste sentido, sempre que falarmos em tempo....temos uma recta. E podemos desenhar uma recta que comece no ano 4 A.C. e acabe em 4000 D.C. Ora estariamos a considerar que existem passado, presente e futuro. O que possibilitaria a viagem de um habitante do futuro até aos nossos dias (se de facto esse habitante do futuro conseguisse efectuar viagens para o passado). Ora este pequeno facto leva-me a crer que nunca conseguiremos efectuar viagens para o passado, pois não temos sido visitados por estes ditos habitantes (Em Agosto aparecem muitas entidades estranhas, de carros cheios de malas, garrafões de vinho, a conduzirem como se estivessem a bordo de um Airbus...mas julgo que estes não são visitantes do futuro) e por outro, mesmo que andassem com um disfarce do tipo do Dick Tracey, julgo que trariam ordens para acabar com os cornetos de pistacho (e daí...os cornetos de ginja desapareceram...)
Quanto ao segundo facto: a memória.... Esta possibilidade é que me intriga mais. Se o viajante do futuro, em vez de viajar para o nosso presente, viajasse para o nosso passado e afectasse de algum modo a nossa entidade passada, inconscientemente, era-nos distorcida a nossa memória de hoje. Imaginemos (ou então...visualisemos, como ouvi no outro dia) que esse viajante mata o dono da Olá, nesse mesmo instante, hoje, automaticamente deixariamos de ter qualquer lembrança de um corneto de ginja. É assustadora a ideia de que um maníaco pode viajar para o nosso passado e estar interruptamente a alterar a nossa memória presente sem que achemos estranho nada do que sucede. Aquilo que achamos que é o nosso património "memorial" do passado, aquilo que achamos como certo e seguro que sucedeu, poderá ser alterado em termos absolutos a qualquer instante por vontade de alguém ao jeito de um interruptor.
Olhe se faz favor, apague-me da memória os cornetos de ginja.
sexta-feira, agosto 13, 2004
quarta-feira, agosto 11, 2004
Arrumação de Prateleiras
Para «arrumação» exitem umas quantas definições e para prateleiras outros tantos objectos identificáveis como tal. Vou concretizar apenas na arrumação de parteleiras de livros, uns antigos outros nem tanto e outros bastante. Estes últimos responsáveis por alguns espirros atómicos.
Em casa dos meus avós existem algumas centenas de livros. Ao fim de um dia de trabalho tive de separá-los e limpá-los. Aqui se iniciou a pior parte ... como organizá-los?, como me daria jeito uma ferramenta (talvez pedir ajuda ao Almocreve) para descomplicar a quantidade de temas que tinha à minha frente. Fiz contas às prateleiras e optei por dividir em: 1) romance/contos/(e outras coisas parecidas); 2 poesia/cancioneiros/pintura; 3) curiosidades cientificas entre outras; 4) Livros políticos.
Devido aos longos anos de política activa, os meus avós acumularam tantos livros classificáveis com a categoria 4) que esta última continha mais de metade dos livros a arrumar.
Por razões sentimentais era inevitável passar os olhos por alguns deles e esse pormenor acrescentou muito...mas muito tempo ao total dispendido.
Entre eles encontrei relatos da prisão de caxias pessoais, dedicatórias iniciadas com: «camaradas», «Para a deputada da assembleia constituinte», ou terminadas «a vitória de abril», biografias de Fidel, Che, Vasco Gonçalves, A perestroika, As obras escolhidas de Lénin...
Dos outros saliento uma edição da minerva velhinha de Pitigrilli : "O homem que procurava o amor". Que julgo ser o mesmo que "O homem que inventou o amor" da Brasília editores...
Vinha na Kangoo com a Raquel.
Após longo período em silêncio começou a relatar que tinha estado num casamento cigano na noite anterior.
Perguntei-lhe logo pela célebre prova de virgindade da noiva.
Relutante, limitou-se a dizer-me que tinha ficado chocada.
Após lhe garantir que o meu interesse nao tinha como finalidade a chacota assentiu contar.
O momento alto da cerimónia é na realidade esta prática. Processa-se da seguinte forma;
A noiva é levada para dentro da tenda pela a anciã, que com os dedos rasga o himén.
O pedaço de pano com o sangue é depois mostrado a todos os presentes que irropem numa onda de euforia. Os noivos são carregados em ombros entre cânticos...
Mulheres que tenham um himén elástico...
As viúvas ao que parecem também não têm sorte. Após a morte do esposo são obrigadas a cortar o cabelo ( Caracteristica essencial no esteriotipo de beleza feminina cigana ), a vestirem - se de preto e a cobrirem a cabeça com um lenço negro ( o nojo rigoroso terá uma duração de três anos).
Escusado será dizer que nunca mais poderão voltar a casar, já não existem como "mulheres".
terça-feira, agosto 10, 2004
O Dono da serraçao apareceu para descarregar as placas conforme o combinado.
Quando questionado se encontrava o caminho de volta respondeu:
- Ó menina quem ja fez dois mil Kilómetros no meio da mata Moçambicana não se perde em lado nenhum...
Começou a falar do Trópico de Cancer e no Trópico de Capricórnio, do sol a nascer no "Índico e de como sem qualquer tipo de instrumento consegue facilmente saber o Norte.
Depois divagou sobre o ensino " há professores que são uma merda, estão só à espera que a hora passe. Há que criar lacunas para os alunos terem vontade de aprender"... tinha uma data de teorias sobre como melhorar o ensino.
Da Geografia passou para a História.
Deliciado por dar azo à sua faceta de comunicador/professor. Começou a falar do castelo de Montemor...
No meio do devaneio começou a contar a hidtória de um homem que estava a "pedreirar" no hospital onde ele também tinha uma empreitada.
Abordou o homem.
Este afinal estava internado na instituição. Tinha morto duas mulheres.
Foi aqui que meti a colherada.
O pedreiro estava ao serviço de uma viúva, que nas palavras do Sr júlio:
- Mostrou -se predisposta, se me faço compreender; a carne é fraca e ele... não preciso de explicar o que aconteceu depois. Disse a sorrir... a pensar que era apenas uma coisa do momento, ele nao queria chatices. A viúva é que nao pensou da mesma maneira e começou arranjar lhe problemas... ele era casado...
A mulher dele foi lá pedir satisfações à outra e começou a levar porrada da viúva e da filha.
Chamaram-no. Ele estava a fazer uma caroca ali perto.
Ao chegar ao local viu a mulher a ser espancada e não fez mais nada, deu um murro na outra. Nisto a filha da viúva vem de forquilha na mão... e num momento de pura reacção ele tira-lhe a forquilha e espeta-lha. A mãe investe e ele nao faz mais nada, espeta-a com a forquilha também.
E se mais viessem mais matava, estava fora de si, tinha perdido o contacto com a realidade.
Vinte e cinco anos por matar um ou vinte e cinco anos por matar dez era mesma coisa...
O homem não era maluco acrescentou o Sr Júio o advogado é que tinha arranjado tudo.
Houve outra coisa que retive durante a demostração de cultura geral do Sr. Júlio e que me reporta para a Fernanda do piano negro... Burkina faso
Mas isso já são contas de outro rosário.
- O juízo da mulher está na cabeça do homem ! Disse a Gracinda na altura em que a Graça e eu debatiamos o assunto.
Ao pensar neste chavão popular, mandado para o meio daquilo que poderá ser considerado "debater o sexo dos anjos", dei por mim a pensar na misogenia assumida do Schopenhauer.
domingo, agosto 08, 2004
A loucura é Sagrada, a vista uma ilusão - Heraclito, frag - 46
The mind is it´s own place, and in it self can make a heaven of hell, a hell of heaven
Milton, Paradise lost, I 254 - 5
A percepção empiríca sensorial é um limite, uma escravidão, são as «estreitas gretas» da caverna onde o homem se encerra. Para atingir a verdadeira libertação o homem terá de «purificar» as «portas da percepção» e elevar a sua «visão» ao dominío do supra - sensível, tornando-a poética e profética.
Trata-se pois de um processo estético e intelectual ao serviço de um programa de libertação do homem que não pode simplesmente ser explicado de idealismo ou irracionalismo.
( william Blake - A união do céu e do Inferno)
Na minha adolescência, depois de ter chumbado por faltas no inicio de 2º período, comecei a ir para a biblioteca geral da universidade. Não podia dizer em casa que tinha chumbado por faltas.
sábado, agosto 07, 2004
Shakleton entre outros
Ontem à noite durante um zig-zag de pequena amplitude (a minha avó só tem os canais abertos), poisei mais uma vez no documentário "O Endurance". Perdi a conta às vezes que vi esta aventura. Mais uma vez Melville apareceu-me como a sua baleia branca.
"From the sentimental point of view, it is the last great Polar journey that can be made." (Shakleton)
Descobri que existe um livro escrito pelo própio
South: The Last Antarctic Expedition of Shakleton and the Endurance
by Sir Ernest Shackleton
Acabei ontem o livro "Mares do Sul" do Manuel Vasquez Montalbán. Soberbo. Parece que foi escrito no ano em que nasci, gostei.
Quanto ao Fá bemol ... como diria o euronews : Coimbra, Portugal (no comments)
P.S. Como não trouxe lápis e papel (...e o meu cachimbo) escrevo aqui para não me esquecer:
sinónimos de mulher: fêmea, dama. Ontem ouvi um tio meu a chamar de dama a uma rapariga, tem uma sonoridade engraçada... «a dama estaria interessada em..». Gosto.
Era mais qualquer coisa mas entretanto foi-se.
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