segunda-feira, maio 29, 2006

Provavelmente enquanto estas entretido a responder a esta merda e possivel que te estejam a colocar adware, spyware ou merdas bem pior; as tuas respostas provavelmente serão enviadas e utilizadas com outros fins...

Fica a vossa responsabilidade...


purescore.JPG

domingo, maio 28, 2006

Ora aí está o Monobloco com Lenine a cantarem Dorival e Sérgio Sampaio.
Apesar de achar "de topo" o original do "Eu quero é botar meu bloco na rua" onde já me perdi inúmeras noites em profundas "brincadeiras" mentais num contínuo esfumaçar, gostei imenso desta versão que um amigo me enviou.

Depois nao é de admirar que me andem sempre a perguntar (quando falo de música brasileira);
- "Você é brasileiro?"

Lembra-me sempre o "Sleeper" (O herói do ano 2000" em Português).

Miles Monroe (Woddy Allen) dizia em conversa:

- "Os melhores músicos de Jazz são pretos; eu próprio sou mulato"

domingo, maio 21, 2006

Quando falam comigo sem palavras, fico nostalgico.

Yesterdays aí à direita, para os companheiros em Amesterdão...e porque não, também para o companheiro em Coimbra.

quinta-feira, maio 18, 2006

FACULDADE DE LETRAS...


Ali estava eu sentado no primeiro piso da FLUC, a olhar para a literatura belga que devia estar a cumprir uma pena por crimes hediondos, uma vez que se encontrava a decompor e trancada a cadeado, quando se aproxima e senta ao pe de mim uma mulher toda "benzoca". Tinha o cabelo com madeixas esbranquiçadas, nas orelhas duas grandes argolas de ouro, uma camisola de lycra verde (cavas), uma saia pelo joelho branco pérola, cinto de crocodilo preto (imitação) e umas sandálias de salto alto com umas tiras em verde prateado.
Gerou-se uma empatia típica destes momentos. Ela começou por falar que História sempre fora a sua grande paixão, apesar de não ter cabeça para datas (a nossa conversa era constantemente interrompida pelos dois telemóveis que ela possuia, ora para descompor o namorado ora para resolver problemas relativos a trabalho (um relativo à saida em perspectiva da melhor amiga de quem ela queria ser madrinha do filho (era uma saída de expectativas elevadas)).
Estava ali sentado desde as onze e treze da manhã e já era uma e quinze da tarde e nenhum dos professores doutores escalados para prestar esclarecimentos aparecia...



terça-feira, maio 16, 2006

Caravaggio

caravaggio2.jpg


"Não sou um pintor valentão,como me chamam,mas sim um pintor valente, isto é: que sabe pintar bem e imitar bem as coisas naturais."Assim Caravaggio se manifesta perante o tribunal que julga a primeira acusação, entre muitas, de perturbar a ordem pública. Jamais parou de crescer seu rol de vítimas com ferimentos leves ou graves, nos duelos em que se envolvia. Os amigos influentes, que intercediam para libertá-lo do cárcere, compunham uma lista bem menor. Com todas as promessas e traições de sua índole turbulenta, Caravaggio os fazia e desfazia com a mesma facilidade: num instante de brilho, num aparte fogoso, numa agressão intempestiva.
Eram palavras sacrílegas na Roma de seu tempo, para a qual não existiam nem a linha reta nem a cor em estado puro. A cidade o atraíra pelos grandes mecenas, pelo fausto da corte papal, pelo passado artístico. Mas agora Caravaggio cuspia nas estátuas clássicas e declarava nada ter a aprender com elas. Não lhe interessava mais a Roma sepultada pelos séculos, que o Renascimento tentou ressuscitar com o mito do homem heróico. Preferia a humanidade vulgar mas atual das feiras e tavernas: vendedores de frutas, músicos ambulantes, ciganos e prostitutas.
Ao tomar essa humanidade como modelo, aproxima-se mais de Leonardo da Vinci, para quem a pintura era uma forma de especular a natureza, do que a Michelangelo ou Rafael, cultores de uma arte épica e monumental. "Inventor" da natureza-morta, pelo menos na Itália, Caravagio formula um naturalismo diametralmente oposto ao estilo maneirista dos fins do século XVI. Introduz um tratamento revolucionário da luz, com prisma que decompõe e geometriza os componentes de um quadro, lição aproveitada mais tarde por um Rembrandt ou um Vermeer, e levada às últimas conseqüências pelo cubismo de Paul Cézanne. Passa, portanto, breve mas fulgurante pelos céus da pintura, como clarão que tudo ilumina antes de extinguir-se.
Na pia batismal, ele recebe o nome ilustre de Michelangelo, da família Merisi, residente na paróquia de San Giorgio, junto ao Paço Bianco di Caravaggio. Era uma pequena aldeia lombarda, cujo nome depois adotou. O pai tinha a profissão de maestro di casa - equivalente a "mestre obras" -, e ficou contente quando inscreveu o menino de onze anos no atelier de Simone Peterzano. Era a melhor maneira de livrar-se das traquinadas de quem não queria ajudar nas construções e constantemente fugia da escola para brigar na rua ou gazetear no campo.
Parece que ao entregá-lo a Peterzano, pintor modesto que se intitulava "discípulo de Ticiano", a família se desinteressa do rapaz. Nada se sabe a seu respeito até 1588 ou 1589, quando Caravaggio, aos quinze ou dezesseis anos, foge para Roma. O primeiro período na capital é duríssimo. Boêmio e desordeiro, tem dificuldade em adaptar-se à mediocridade dos pintores oficiais, ávidos de encontrar favores junto aos poderosos. O adolescente de cabelos ruivos passa de um atelier a outro, de um protetor a outro. Um
destes, Monsenhor Pucci, lhe dá alojamento e uma dieta exlusiva de verduras. Recebe em troca alguns quadros e o apelido de "Monsenhor Salada".
Um ataque de malária leva o jovem ao hospital. Em poucas semanas, ainda debilitado pela doença, ele tem que procurar novos empregos. Oferece-se a contragosto ao Cavaliere dáArpino, apreciador da pintura que já detesta: grandiloqüente, alambicada, de temas mitológicos tratados com ênfase teatral e linhas rebuscadas, como nos quadros de Carracci. A ruptura é quase imediata: proibido de pintar figuras, Caravaggio abandona o míope mecenas e freqüenta novamente a gentalha que vegeta à sombra de magníficos palácios e barrocas igrejas.
Após uma seqüência de rusgas, o primeiro processo por difamação. Frente ao juiz, Caravaggio se defende com arrogância. E um outro escândalo vem somar-se a este. O deus do vinho e das orgias - Baco para os romanos, Dioniso ra os gregos - é pintado com ar de travesti ou de gueixa japonesa, o corpo molemente inclinado, a oferecer uma taça e seus encantos de hermafrodita. É o conflito aberto e radical com os cânones artísticos da época, e também a divisão inconciliável entre admiradores e inimigos.
O Repouso no Egito desencadeia essa tempestade que não se amainará enquanto o pintor viver. Encomendada pelo Cardeal Francesco Maria Del Monte, é uma interpretação extremamente livre do conhecido tema sacro.
Sem apelar a um realismo excessivo, poetizando sua visão do homem e da natureza, Caravaggio faz uma pequena concessão ao gosto clássico: coloca um jovem semidespido ornado de asas que lhe conferem o aspecto de anjo musicista. São José lhe ergue a partitura, enquanto a Virgem - tão diferente das Virgens de Rafael - embala o Menino Jesus num gesto trivial. A luz que jorra sobre as faces e sobre os panos já antecipa a descoberta de Cézanne: a cor de um objeto determinada pela fusão da cor que lhe é própria com o raio de luz que nele incide. Porém Caravaggio tem da luz não só um conceito colorista, herdado dos venezianos de que era discípulo seu primeiro mestre em Milão, como também um conceito nitidamente plástico. Suas figuras destacam-se pelo ritmo dos gestos, pelo relevo quase físico das formas. Os elementos acessórios do quadro - flores, regato, mochila, folhas - são reproduzidos com a minúcia reveladora de um amor panteísta a cada ente da natureza.
Em Jovem Mordido por um Lagarto, a mesma atenta observação dos reflexos da luz sobre a água contida num vaso de flores casa-se a uma precoce e realista caracterização pessoal do personagem, que externa o espanto, a dor, o arrebatamento que o próprio pintor conhece diariamente.



Igualmente, a Santa Catarina de Alexandria mostra sua independência em relação à representação católica tradicional. Os personagens sacros vivem e agem num plano humano, não em estado hierático. Sem mobilizar céus ou nuvens, arcanjos ou santos, o pintor realiza uma severa síntese: o fundo passa a ser quase uniformemente escuro, e toda atenção se concentra na figura, incontestavelmente santa, mas de uma santidade conquistada a partir do caráter humano.
Desde logo, essa teoria e essa prática tomam Caravaggio o primeiro "pintor maldito" da era moderna, aquele que não falava mais o idioma pictórico seu contemporâneo, mas a linguagem futura da arte. Pelas mãos do amigo e protetor Del Monte, freqüenta ambientes cultos e refinados. Mas é capaz de abandonar uma recepção aristocrática para confraternizar com a pequena burguesia ou a ralé que se reúne nas 1 022 tavernas romanas, comendo bem e barato, fumando e discutindo ruidosamente até alta madrugada. Liga-se por amizade ao criador do Marinismo, o poeta Marino, do qual diverge em estilo e em gosto. Mas não reconhece regras invioláveis, e testemunha toda a violência de seu tempo: as lutas religiosas da Contra-Reforma, as execuções públicas de parricidas como Beatrice Cenci, decapitada, ou de heréticos como Giordano Bruno, queimado vivo.
É uma violência que também está em seu sangue e lhe arma ciladas arriscadas. Torna-se conhecido, em Roma inteira, pelas roupas extravagantes. Usa os primeiros chapéus de feltro com abas largas. Exibe uma espada na cintura e um cachorro no colo. É constantemente chamado à polícia e encarcerado por causa de rixas sangrentas.
Guiado pela veia popular, infunde a seus temas um ambiente ou uma caracterização humana tipicamente plebéia, combinando o sagrado e o profano. Sem o nu habitual nessas composições, sem atavios elegantes, seu Narciso volta a ser o adolescente da tradição popular helênica. E o monumental afresco Vocação de São Mateus , que pinta na Igreja de São Luís dos Franceses, na barroca e imensa Praça do Povo, pode ser comparada aos de Piero della Francesca em Arezzo ou aos de Michelangelo no Vaticano. Como Deus animando Adão na obra de Michelangelo para a Capela Sistina, Jesus aponta para o velho e barbudo Mateus, ordenando que O siga. E tudo se passa num botequim, em meio a um prosaico jogo de cartas: estupefação geral perante essa heresia, como se os apóstolos não fossem buscados nos refúgios de sua humílima condição social. Há uma luz que se esbate sobre as fisionomias para modelá-las corporeamente e envolvê-las numa aura imaterial. Há uma singular variedade de expressões: a dúvida de Mateus quanto ao endereço do chamado, a expectativa dos jovens à direita, a indiferença do outro à esquerda, absorto no jogo. Há uma serenidade levemente desfeita pelo apelo da mão.
Já o Martírio de São Mateus se caracteriza pelo dinamismo. A figura do carrasco, que brutalmente arrebata o ancião adormecido para assassiná-lo, é como eixo de uma roda humana, na qual se refletem as mais diferentes atitudes diante da morte: desde a impassibilidade do jovem ricamente vestido, até o grito de horror do menino que foge, e o socorro sobrenatural trazido pelo anjo. Mas a carnalidade palpitante dos nus, ao lado da originalidade da concepção, despertou a reprovação de muitos.
Em 1601, depois de mais uma reconciliação com seus ofensores, Caravaggio parece tranqüilo. Não se irrita quando uma obra para a Igreja de Santa Maria del Popolo é recusada, juntamente com outra, que reproduz o martírio de São Pedro, crucificado de cabeça para baixo. A primeira das recusadas, a Conversão de São Paulo,
representa outra revolução na iconografia religiosa. "Onde está o santo?" - indagavam os maus entendedores -
Aqui só se vê um cavalo!" Escapava-lhes tanto a simbologia do momento - quando São Paulo, o homem, caiu ao chão ofuscado pela visão de Jesus, na estrada de Damasco - como também a expressiva beleza transcendente que brota do vago foco de luz vindo de cima, a banhar o ventre do cavalo e inundar de claridade o rosto do santo. Colocando o centro do afresco no chão, Caravaggio documenta a insignificância do homem perante a divindade.




A Crucifixão de São Pedro é toda em diagonais agudas que se entrechocam, simbolizando o conflito da brutalidade com a pureza. A colocação destacada, em primeiro plano, do traseiro de um dos algozes mereceu a acusação de vulgaridade. Na Deposição de Cristo, acentuam-se os elementos popularescos. A figura de Maria Cléofas, na extrema direita, que abre os braços num gesto incomum em Caravaggio, é considerada por críticos autorizados como um adendo posterior e anônimo. Tal posição é confirmada pela famosa cópia desse quadro feita por Rubens e que exclui essa figura. Embora relativamente inferior, a tela apresenta notável realismo nas pernas dos santos atendentes, com as veias saltadas pelo esforço, e no rosto envelhecido da Virgem. "Como ela devia ser exatamente", dizia o pintor quando, mais afável, se dignava a explicar um pouco sua concepção da divindade que se encarna temporariamente como criatura mortal, assim vulnerável a todos os malefícios da carne.

São Jerônimo traduz a austeridade do personagem nas próprias cores e linhas: o dinamismo se limita ao braço estendido do eremita; o cromatismo se reduz ao vermelho de seu manto e a dois tons de marrom e amarelo-pálido, com toques de branco; a caveira é uma advertência moral.
Davi com a Cabeça de Golias combina a violência com um de seus temas permanentes: a beleza equívoca do adolescente. A tradição afirma ser a cabeça decepada do gigante um auto-retrato de Caravaggio, expressivo do desalento em que viveu seus últimos anos, atormenntado pela perseguição inclemente dos adversários.
A Ceia em Emaús foi feita em seguida à representação do mesmo tema com o Cristo totalmente imberbe. Os que se escandalizaram ignoravam a tradição bizantina que mostrava Cristo, de preferência adolescente, como que simbolizando fisicamente a eterna juventude e validez da Sua mensagem. Mas Caravaggio não dava importância à ira dos que consideravam seus quadros "heréticos": ele já não havia pintado uma morte da Virgem Maria que a mostrava com o ventre inchado, os pés para fora do leito, como uma mulher da plebe que sucumbisse de inanição ou de parto, numa atmosfera carregada de miséria?
Esta ceia - sem a pompa de um Tiepolo ou um Veronese - apresenta os santos como figuras do povo, campônios rudes mas de expressão firme. A luz que inunda a cena antecipa de um.século o chiaroscuro de Rembrandt ou o tratamento requintado de Vermeer.
A trajetória de Caravaggio aproxima-se do fim. Em Roma, corroído de dívidas, recusa a oferta do Príncipe
Doria Pamphili para decorar uma parte de seu palácio, hoje sede da embaixada brasileira na Itália. Insiste em pintar "quadros verdadeiros", certo de encontrar compradores e assim melhorar de situação. É dessa fase a Virgem do Rosário, também denunciada por "vulgaridade". Peca apenas, porém, pelo excesso maciço e confuso de personagens, enquanto Virgem de Loreto caracteriza-se pela sobriedade clássica, pelo realismo das poucas figuras retratadas, e pela ausência de qualquer sentimentalismo no orgulho da mãe que apresenta o filho à veneração de dois humildes peregrinos. Na Adoração dos Pastores, Caravaggio atinge talvez o ponto supremo de uma pintura sacra ortodoxa que constitui exceção dentro de sua tendência sempre inovadora.
Da adoração dos Reis Magos, tradicional na pintura toscana ou norte-européia, a tônica social se desloca para os pastores, num quadro simples e comovente, onde a intensificação dos tons escuros prenuncia o desenlace fatal de uma vida perigosa.



No turbilhão que o agita, Caravaggio mata um certo nobre Tommasoni, durante um jogo de pallacorda, antepassado do tênis. É o último dia do mês de maio de 1606.
Ferido ele próprio, e protegido pela família dos Colonna, escapa para Nápoles, onde muitos admiradores o acolhem. Ali pinta As Sete Obras de Misericórdia, ilustração dos atos de bondade enumerados no Evangelho (dar de beber aos sedentos, consolar os aflitos, etc.), que influi no desenvolvimento da pintura napolitana, e bem reflete o momento psicológico do autor: adensam-se as sombras, acentua-se o clima dramático.
Enquanto em Roma seu perdão é pleiteado, ele se dirige à ilha de Malta, onde recebe a Cruz de Malta outorgada pelo grão-mestre da Ordem, Alof de Vignacourt, de quem executa dois retratos, além de uma Degolação de São João Batista. Mas, fora de controle, revida a ofensa de um nobre maltês e é encarcerado pelo severo regime militar ali vigente. Ajudado por amigos - crê-se que entre eles o próprio Vignacourt -, galga os muros da prisão e embarca à noite para a Sicília. Pressente a vingança no seu encalço. Muda de cidade seguidamente: de Siracusa a Messina, daí a Palermo, desta a Nápoles, no outono de 1609.
É melancólica sua última obra, dilacerada pelo sofrimento e pela inquietação: A Flagelação. Apenas o Cristo é plenamente iluminado, e irradia parte do brilho em tomo dos algozes, de corpos retesados num bailado grotesco e cruel.
Pela segunda vez, Caravaggio fora abrigado em Nápoles por pessoas influentes, algumas ligadas à própria Ordem de Malta. Mas era tarde: os sicários do cavaleiro maltês ultrajado descobrem seu esconderijo. Perto de uma taverna, ferem-no a espada repetidas vezes. Sua robustez prevalece sobre os graves ferimentos. Recolhido e medicado, parece convalescer. A notícia de que o papa está prestes a conceder-lhe perdão e permitir-lhe o regresso a Roma anima-o a deixar Nápoles por via marítima. Todavia, não totalmente
recuperado, vertendo sangue, minado pela malária, ele morre numa praia deserta, no dia 18 de julho de 1610.
Dias depois, junto com a barca onde tinha abandonado seus haveres, chega a Roma apenas um pregão lutuoso:
"Tem-se notícia do falecimento de Michelangelo Caravaggio, pintor famoso como colorista e retratista baseado na natureza..."
Alheio a qualquer maneirismo, mas sensível à interpretação poética e transfiguradora do mundo real, Michelangelo Merisi da Caravaggio foi um artista despojado numa época marcada pelo excesso ornamental barroco. Contra a corrente saudosista de seu tempo, plasmou uma arte arraigadamente humana, realista e original. Seu critério quase "funcional" de pintura, à moderna, teve o condão de enfurecer muitos donos da cultura e árbitros do gosto da época. A esses, Caravaggio sempre deu de ombros: pintava para todos os séculos, não para o seu.

domingo, maio 14, 2006

One Love, One Life, 25 Years Later

A Quarter of a Century After His Death, Bob Marley Is Still Jamming

Bob Marley

Marley died of cancer on May 11, 1981

sábado, maio 13, 2006

Nas trincheiras... Depois de mais um dia...

platoontaylor.jpg



Chris Taylor:
Somebody once wrote: "Hell is the impossibility of reason." That's what this place feels like. Hell.


Chris Taylor: Day by day I struggle to maintain not only my strength but also my sanity. It's all a blur. I have no energy to write. I don't know what's right or wrong anymore. The morale of the men is low, a civil war in the platoon. Half the men with Elias, half with Barnes. There's a lot of suspicion and hate. I can't believe we're fighting each other, when we should be fighting them.

terça-feira, maio 09, 2006

Nesta nova actividade em que me iniciei gostava de partilhar com vocês duas situações caricatas que me aconteceram.

1ª) Um homem de aspecto rude, com óculos de elevada graduação chega-se ao pé de mim e começa a perguntar informações sobre cigarrilhas (fazendo sempre questão de evidenciar que não era fumador). Enquanto tentava perceber o que ele procurava exactamente, ele vira-se para mim e diz:
- "Sabe, vou deixar-me de rodeios, eu andei a comer uma doutora e ela no fim de mandar a queca gostava de fumar uns cigarros pretos e compridos de marijuana, voçês nao têm esse tipo de cigarro?"
- Não, desse tipo não temos - respondi eu.

2ª) Duas raparigas aproximam-se do balcão e pedem para ver dois maços diferentes de tabaco. Entre elas começam a comparar as percentagens de nicotina.
Depois de terem escolhido o Davidoff Gold, uma dela diz:
- "Sabe, é que como estamos na altura da Queima queriamos fumar algo diferente"

Maio em Coimbra...


Merdas (polén) brancas no ar, merdas pretas nas ruas e coletes retrorreflectores amarelos/laranja ao longo da Nacional 1.

SERGIO MENDES, o homem que fui resistindo a postar sobre


gal

"(www.allbrazillianmusic.com)
One of Brazil’s most international musicians, Sergio Mendes was born in Niterói (Rio de Janeiro) and started taking piano lessons as a child, switching from classic to jazz in his youth. In the beginning of the 60s, Mendes started playing jam sessions at nightclubs. He competed in jazz festivals and was leader of the Brazilian Jazz Sextet (who recorded with Cannonball Adderley), who soon turned into Sexteto Bossa Rio, playing the Carnegie Hall Bossa Nova Festival, in 1962, in New York. The 1964 album made by Sergio Mendes & Bossa Rio, arranged by Tom Jobim, is considered fundamental for bossa nova. Still in the 60s, he toured many countries with different groups before rounding up Brazil 66, with whom he made records and very successful tours. The album "Herb Alpert Presents Sergio Mendes & Brazil 66" sold over a million copies, with Jorge Ben’s "Mas Que Nada" hitting the top of the charts in North-America. He played at the White House in 1967 and has made many albums, both solo and with his groups, always mixing bossa nova with jazz and Brazilian rhythms, international musicians and including songs like "Ponteio" (Edu Lobo/ Capinam) e "A Banda" (Chico Buarque). He won a Grammy in 1993.
Discography

Click on the titles for album details
30" audio clips available =

Career albums

OCEANO 1996
BRASILEIRO 1992
ARARA 1989
BRASIL 86 1986
CONFETI 1985
BRASIL 88 1978

Extras



On the Internet

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"

segunda-feira, maio 08, 2006

SEMIOTICS

"Semiotics, or semiology, is the study of signs, both individually and grouped in sign systems. It includes the study of how meaning is made and understood. Semioticians also sometimes examine how organisms, no matter how big or small, make predictions about and adapt to their semiotic niche in the world (see Semiosis). Semiotics theorises at a general level about signs, while the study of the communication of information in living organisms is covered in biosemiotics.

The subject was originally spelled semeiotics to honour John Locke (1632–1704), who, in "An Essay Concerning Human Understanding" (1690), first coined the term "semeiotike" from the Greek word σημειον or semeion, meaning "mark" or "sign".

Contents


* 1 Clarification of terms
* 2 History
* 3 Some important semioticians
* 4 Current applications
* 5 Branches
* 6 Select bibliography
* 7 See also
* 8 External links

Clarification of terms

Semioticians classify signs and sign systems in relation to the way they are transmitted (see modality). This process of carrying meaning depends on the use of codes that may be the individual sounds or letters that humans use to form words, the body movements they make to show attitude or emotion, or even something as general as the clothes they wear. To coin a word to refer to a thing (see lexical words), the community must agree on a simple meaning (a denotative meaning) within their language. But that word can transmit that meaning only within the language's grammatical structures and codes (see syntax and semantics). Codes also represent the values of the culture, and are able to add new shades of connotation to every aspect of life.

To explain the relationship between Semiotics and Communication Studies, communication is defined as the process of transferring data from a source to a receiver as efficiently and effectively as possible. Hence, communication theorists construct models based on codes, media, and contexts to explain the biology, psychology, and mechanics involved. Both disciplines also recognise that the technical process cannot be separated from the fact that the receiver must decode the data, i.e. be able to distinguish the data as salient and make meaning out of it. This implies that there is a necessary overlap between semiotics and communication. Indeed, many of the concepts are shared, although in each field the emphasis is different. In Messages and Meanings: An Introduction to Semiotics, Marcel Danesi (1994), suggested that semioticians' priorities were to study signification first and communication second. A more extreme view is offered by Jean-Jacques Nattiez (1987; trans. 1990: 16) who, as a musicologist, considered the theoretical study of communication irrelevant to his application of semiotics.

Semiotics should also be distinguished from linguistics. Although both start from the same point, semiotics links linguistic facts to non-linguistic facts to give a broader empirical coverage and to offer conclusions that seem more plausible because, intuitively, humans understand that one can only interpret language in a social context (sometimes termed the semiosphere). Pure linguistics dismantles language into its components, analysing usage in slow-time, whereas, in the real world of human semiotic interaction there is an often chaotic blur of language and signal exchange which semiotics attempts to analyse and so identify the systemic rules accepted by all the participants.

Perhaps more difficult is the distinction between semiotics and the philosophy of language. In a sense, the difference is a difference of traditions more than a difference of subjects. Different authors have called themselves "philosopher of language" or "semiotician". This difference does not match the separation between analytic and continental philosophy. On a closer look, there may be found some differences regarding subjects. Philosophy of language pays more attention to natural languages or to languages in general, while semiotics is deeply concerned about non-linguistic signification. Philosophy of language also bears a stronger connection to linguistics, while semiotics is closer to some of the humanities (including literary theory and cultural anthropology).

Semiosis or semeiosis is the process that forms meaning from any organism's apprehension of the world through signs.


History

The importance of signs and signification has been recognised throughout much of the history of philosophy, and in psychology as well. Plato and Aristotle both explored the relationship between signs and the world, and Augustine considered the nature of the sign within a conventional system. These theories have had a lasting effect in Western philosophy, especially through Scholastic philosophy. More recently, Umberto Eco, in his "Semiotics and philosophy of language" has argued that semiotic theories are implicit in the work of most, perhaps all, major thinkers.



Some important semioticians

Charles Sanders Peirce (1839–1914), the founder of the philosophical doctrine known as pragmatism, preferred the term "semeiotic." He defined semiosis as "...action, or influence, which is, or involves, a cooperation of three subjects, such as a sign, its object, and its interpretant, this tri-relative influence not being in any way resolvable into actions between pairs." ("Pragmatism", Essential Peirce 2: 411; written 1907). His notion of semiosis evolved throughout his career, beginning with the triadic relation just described, and ending with a system consisting of 59,049 possible elements and relations. One reason for this high number is that he allowed each interpretant to act as a sign, thereby creating a new signifying relation. Peirce was also a notable logician, and he considered semiotics and logic as facets of a wider theory. For a summary of Peirce's contributions to semiotics, see Liszka (1996).

Ferdinand de Saussure (1857–1913), the "father" of modern linguistics, proposed a dualistic notion of signs, relating the signifier as the form of the word or phrase uttered, and to the signified as the mental concept. It is important to note that, according to Saussure, the sign is completely arbitrary, i.e. there was no necessary connection between the sign and its meaning. This sets him apart from previous philosophers such as Plato or the Scholastics, who thought that there must be some connection between a signifier and the object it signifies. Saussure's insistence on the arbitrariness of the sign has also greatly influenced later philosophers, especially postmodern theorists such as Jacques Derrida, Roland Barthes, and Jean Baudrillard. Ferdinand de Saussure coined the term semiologie while teaching his landmark "Course on General Linguistics" at the University of Geneva from 1906–11. Saussure posited that no word is inherently meaningful. Rather a word is only a "signifier," i.e. the representation of something, and it must be combined in the brain with the "signified," or the thing itself, in order to form a meaning-imbued "sign." Saussure believed that dismantling signs was a real science, for in doing so we come to an empirical understanding of how humans synthesize physical stimuli into words and other abstract concepts.

Louis Trolle Hjelmslev (1899–1965) developed a structuralist approach to Saussure's theories. His best known work is Prolegomena: A Theory of Language, which was expanded in Resumée of the Theory of Language, a formal development of glossematics, his scientific calculus of language.

Charles W. Morris (1901–1979). In his 1938 Foundations of the Theory of Signs, he defined semiotics as grouping the triad syntax, semantics, and pragmatics. Syntax studies the interrelation of the signs, without regard to meaning. Semantics studies the relation between the signs and the objects to which they apply. Pragmatics studies the relation between the sign system and its human (or animal) user. Unlike his mentor George Herbert Mead, Morris was a behaviorist and sympathetic to the Vienna Circle positivism of his colleague Rudolf Carnap. Morris has been accused of misreading Peirce.

Umberto Eco made a wider audience aware of semiotics by various publications, most notably A Theory of Semiotics and his novel The Name of the Rose which includes semiotic elements. His most important contributions to the field bear on interpretation, encyclopedia, and model reader.

Algirdas Julius Greimas developed a structural version of semiotics named generative semiotics, trying to shift the focus of discipline from signs to systems of signification. His theories develop the ideas of Saussure, Hjelmslev, Claude Lévi-Strauss, and Maurice Merleau-Ponty.

Thomas A. Sebeok, a student of Charles W. Morris, was a prolific and wide-ranging American semiotician. Though he insisted that animals are not capable of language, he expanded the purview of semiotics to include non-human signaling and communication systems, thus raising some of the issues addressed by philosophy of mind and coining the term zoosemiotics. Sebeok insisted that all communication was made possible by the relationship between an organism and the environment it lives in. He also posed the equation between semiosis (the activity of interpreting signs) and life - the view that has further developed by Copenhagen-Tartu biosemiotic school.

Juri Lotman (1922–1993) was the founding member of the Tartu (or Tartu-Moscow) Semiotic School. He developed a semiotic approach to the study of culture and established a communication model for the study of text semiotics. He also introduced the concept of the semiosphere. Among his Moscow colleagues were Vladimir Toporov, Vyacheslav Vsevolodovich Ivanov, and Boris Uspensky.


Current applications

Applications of semiotics include:
* It represents a methodology for the analysis of texts regardless of modality. For these purposes, "text" is any message preserved in a form whose existence is independent of both sender and receiver;
* Its concepts and methods are highly portable, and have enriched our understanding of many disciplines, e.g., biology, anthropology, computing, engineering, linguistics, mathematics, philosophy, and psychology;
* It can improve ergonomic design in situations where it is important to ensure that human beings can interact more effectively with their environments, whether it be on a large scale, as in architecture, or on a small scale, such as the configuration of instrumentation for human use.


Semiotics is only slowly establishing itself as a discipline to be respected. In some countries, its role is limited to literary criticism and an appreciation of audio and visual media, but this narrow focus can inhibit a more general study of the social and political forces shaping how different media are used and their dynamic status within modern culture. Issues of technological determinism in the choice of media and the design of communication strategies assume new importance in this age of mass media. The use of semiotic methods to reveal different levels of meaning and, sometimes, hidden motivations has led some to demonise elements of the subject as Marxist, nihilist, etc. (e.g. critical discourse analysis in Postmodernism and deconstruction in Post-structuralism).

Publication of research is both in dedicated journals such as Sign Systems Studies, established by Juri Lotman and published by Tartu University Press; Semiotica, founded by Sebeok, Zeitschrift für Semiotik; European Journal of Semiotics; Versus (founded and directed by Eco), et al.; and as articles accepted in periodicals of other disciplines, especially journals oriented toward philosophy and cultural criticism

External links

domingo, maio 07, 2006

6/05/06
"Freud Explica"

Viena homenageia 150 anos de Freud

VIENA - A atualidade do pensamento de Sigmund Freud e de sua principal contribuição, a psicanálise, foi o foco hoje da homenagem vienense ao nascimento do médico, há 150 anos, que mudou o mundo ao descobrir o inconsciente e a sexualidade infantil.

Várias exposições, leituras, simpósios, debates, programas de televisão e rádio, e ciclos de cinema têm acontecido desde 1º de janeiro na Áustria, que também festeja, com mais alarde, o 250º aniversário do nascimento de Mozart. Se no "aniversário" do genial compositor, em 27 de janeiro, a capital teve três dias de festa, hoje Freud é pouco lembrado nas ruas de Viena.

O ato mais representativo foi organizado pela Sociedade Psicanalítica Vienense - fundada pelo próprio Freud - em cooperação com o Círculo Psicanalítico de Trabalho. Eles lembraram a relação de ambigüidade entre Freud e Viena com a palestra do psicanalista francês Jean Laplanche sobre sua interpretação de "O incesto e a sexualidade infantil".

A existência de uma sexualidade inconsciente, ligada à infância e determinante no adulto, foi uma das descobertas mais polêmicas de Freud. (EFE)

Aconteceu-me pela primeira vez em Londres, teria de ser francesa, concerteza. Entrava eu para o cinema quando, a mulher O começou a sorrir, retribui. Aproxima-se e pergunta: "From where do I know you?"...

Por isso, hoje lembrei-me de TI. A TI:

"Eu fui fazer um samba em homenagem
à nata da malandragem, que conheço de outros carnavais.
Eu fui à Lapa e perdi a viagem,
que aquela tal malandragem não existe mais.
Agora já não é normal, o que dá de malandro
regular profissional, malandro com o aparato de malandro oficial,
malandro candidato a malandro federal,
malandro com retrato na coluna social;
malandro com contrato, com gravata e capital, que nunca se dá mal.
Mas o malandro para valer, não espalha,
aposentou a navalha, tem mulher e filho e tralha e tal.
Dizem as más línguas que ele até trabalha,
Mora lá longe chacoalha, no trem da central" (Chico Buarque)

sábado, maio 06, 2006

Como uma merda nunca vêm só...

Os plátanos começaram a ejacular.
É imensurável a quantidade de partículas brancas pelo ar...
Mas como diria o outro "A natureza têm razão, a natureza têm sempre razão..."

sexta-feira, maio 05, 2006

Hoje ouco:

Cinema Olympia - Gal Costa

gal

quinta-feira, maio 04, 2006

Começa a estupidez...

Cá cará cá cáááááááá...

Hoje à meia noite em ponto os estudantes da cidade de Coimbra ganham super poderes.
Trata-se de um fenómeno anual em que os futuros "Doutores" com as suas capas e fatos de super-heróis tomam "conta" da cidade; a policia parece "desaparecer" e tudo é permitido a estes mutantes de preto.
O ano passado gozei uma semana de férias nesta altura e saí da cidade.
Este ano vou ter de gramar a pastilha!!!

quarta-feira, maio 03, 2006

Let's Get Lost

segunda-feira, maio 01, 2006

TRABALHEI NO 1º DE MAIO...

1º de Maio – Dia Mundial do Trabalho


A história do Primeiro de Maio mostra, portanto, que se trata de um dia de luto e de luta, mas não só pela redução da jornada de trabalho, mais também pela conquista de todas as outras reivindicações de quem produz a riqueza da sociedade.” – Perseu Abramo

O Dia Mundial do Trabalho foi criado em 1889, por um Congresso Socialista realizado em Paris. A data foi escolhida em homenagem à greve geral, que aconteceu em 1º de maio de 1886, em Chicago, o principal centro industrial dos Estados Unidos naquela época.

Milhares de trabalhadores foram às ruas para protestar contra as condições de trabalho desumanas a que eram submetidos e exigir a redução da jornada de trabalho de 13 para 8 horas diárias. Naquele dia, manifestações, passeatas, piquetes e discursos movimentaram a cidade. Mas a repressão ao movimento foi dura: houve prisões, feridos e até mesmo mortos nos confrontos entre os operários e a polícia.

Em memória dos mártires de Chicago, das reivindicações operárias que nesta cidade se desenvolveram em 1886 e por tudo o que esse dia significou na luta dos trabalhadores pelos seus direitos, servindo de exemplo para o mundo todo, o dia 1º de maio foi instituído como o Dia Mundial do Trabalho.

Chicago, maio de 1886

O retrocesso vivido nestes primórdios do século XXI remete-nos diretamente aos piores momentos dos primórdios do Modo de Produção Capitalista, quando ainda eram comuns práticas ainda mais selvagens. Não apenas se buscava a extração da mais-valia, através de baixos salários, mas até mesmo a saúde física e mental dos trabalhadores estava comprometida por jornadas que se estendiam até 17 horas diárias, prática comum nas indústrias da Europa e dos Estados Unidos no final do século XVIII e durante o século XIX. Férias, descanso semanal e aposentadoria não existiam. Para se protegerem em momentos difíceis, os trabalhadores inventavam vários tipos de organização – como as caixas de auxílio mútuo, precursoras dos primeiros sindicatos.

Com as primeiras organizações, surgiram também as campanhas e mobilizações reivindicando maiores salários e redução da jornada de trabalho. Greves, nem sempre pacíficas, explodiam por todo o mundo industrializado. Chicago, um dos principais pólos industriais norte-americanos, também era um dos grandes centros sindicais. Duas importantes organizações lideravam os trabalhadores e dirigiam as manifestações em todo o país: a AFL (Federação Americana de Trabalho) e a Knights of Labor (Cavaleiros do Trabalho). As organizações, sindicatos e associações que surgiam eram formadas principalmente por trabalhadores de tendências políticas socialistas, anarquistas e social-democratas. Em 1886, Chicago foi palco de uma intensa greve operária. À época, Chicago não era apenas o centro da máfia e do crime organizado era também o centro do anarquismo na América do Norte, com importantes jornais operários como o Arbeiter Zeitung e o Verboten, dirigidos respectivamente por August Spies e Michel Schwab.

Como já se tornou praxe, os jornais patronais chamavam os líderes operários de cafajestes, preguiçosos e canalhas que buscavam criar desordens. Uma passeata pacífica, composta de trabalhadores, desempregados e familiares silenciou momentaneamente tais críticas, embora com resultados trágicos no pequeno prazo. No alto dos edifícios e nas esquinas estava posicionada a repressão policial. A manifestação terminou com um ardente comício.

Manifestações do Primeiro de Maio de 1886

No dia 3, a greve continuava em muitos estabelecimentos. Diante da fábrica McCormick Harvester, a policia disparou contra um grupo de operários, matando seis, deixando 50 feridos e centenas presos, Spies convocou os trabalhadores para uma concentração na tarde do dia 4. O ambiente era de revolta apesar dos líderes pedirem calma.

Os oradores se revesavam; Spies, Parsons e Sam Fieldem, pediram a união e a continuidade do movimento. No final da manifestação um grupo de 180 policiais atacou os manifestantes, espancando-os e pisoteando-os. Uma bomba estourou no meio dos guardas, uns 60 foram feridos e vários morreram. Reforços chegaram e começaram a atirar em todas as direções. Centenas de pessoas de todas as idades morreram.

A repressão foi aumentando num crescendo sem fim: decretou-se “Estado de Sítio” e proibição de sair às ruas. Milhares de trabalhadores foram presos, muitas sedes de sindicatos incendiadas, criminosos e gângsters pagos pelos patrões invadiram casas de trabalhadores, espancando-os e destruindo seus pertences.

A justiça burguesa levou a julgamento os líderes do movimento, August Spies, Sam Fieldem, Oscar Neeb, Adolph Fischer, Michel Shwab, Louis Lingg e Georg Engel. O julgamento começou dia 21 de junho e desenrolou-se rapidamente. Provas e testemunhas foram inventadas. A sentença foi lida dia 9 de outubro, no qual Parsons, Engel, Fischer, Lingg, Spies foram condenados à morte na forca; Fieldem e Schwab, à prisão perpétua e Neeb a quinze anos de prisão.

Spies fez a sua última defesa:

"Se com o nosso enforcamento vocês pensam em destruir o movimento operário - este movimento de milhões de seres humilhados, que sofrem na pobreza e na miséria, esperam a redenção – se esta é sua opinião, enforquem-nos. Aqui terão apagado uma faísca, mas lá e acolá, atrás e na frente de vocês, em todas as partes, as chamas crescerão. É um fogo subterrâneo e vocês não poderão apagá-lo!"

Parsons também fez um discurso:

"Arrebenta a tua necessidade e o teu medo de ser escravo, o pão é a liberdade, a liberdade é o pão". Fez um relato da ação dos trabalhadores, desmascarando a farsa dos patrões com minúcias e falou de seus ideais:

"A propriedade das máquinas como privilégio de uns poucos é o que combatemos, o monopólio das mesmas, eis aquilo contra o que lutamos. Nós desejamos que todas as forças da natureza, que todas as forças sociais, que essa força gigantesca, produto do trabalho e da inteligência das gerações passadas, sejam postas à disposição do homem, submetidas ao homem para sempre. Este e não outro é o objetivo do socialismo".

Mártires de Chicago: Parsons, Engel, Spies e Fischer foram enforcados, Lingg (ao centro) suicidou-se na prisão.

No dia 11 de novembro, Spies, Engel, Fischer e Parsons foram levados para o pátio da prisão e executados. Lingg não estava entre eles, pois suicidou-se. Seis anos depois, o governo de Illinois, pressionado pelas ondas de protesto contra a iniqüidade do processo, anulou a sentença e libertou os três sobreviventes.

Em 1888 quando a AFL realizou o seu congresso, surgiu a proposta para realizar nova greve geral em 1º de maio de 1890, a fim de se estender a jornada de 8 horas às zonas que ainda não haviam conquistado.

No centenário do início da Revolução Francesa, em 14 de julho de 1889, reuniu-se em Paris um congresso operário marxista. Os delegados representavam três milhões de trabalhadores. Esse congresso marca a fundação da Segunda Internacional. Nele Herr Marx expulsou os anarquistas, cortou o braço esquerdo do movimento operário num momento em que a concordância entre todos os socialistas, comunistas e anarquistas residia na meta: chegada a uma sociedade sem classes, sem exploração, justa, fraterna e feliz. Os meios a empregar-se para atingir aquele objetivo constituíam os principais pontos de discordância: Herr Marx, com toda a sua genialidade incontestável, levou adiante a tese de que somente através de uma “Ditadura do Proletariado” se poderia ter os meios necessários à abolição da sociedade de classes, da exploração do homem pelo homem. Mikhail Bakunin, radical libertário, contrapondo-se a Marx, criou a nova máxima: “Não se chega à Luz através das Trevas.” Segundo o Anarquista russo, deve-se buscar uma sociedade feliz, sem classes, sem exploração e sem “ditadura” intermediária de espécie alguma! A tendência majoritária do Congresso ficou em torno de Herr Marx e os Anarquistas foram, vale repetir, expulsos. Muitos têm apontado nesta ruptura de 1890 os motivos do fracasso do socialismo dito “real”: enfatizou-se mais do que o necessário a questão da “ditadura” e o “proletariado” acabou esquecido. A própria China de hoje (2004) é disso exemplo: uma pequenina casta de empresários lidera ditatorialmente uma nação equalizada à força aproximando perigosamente aquela tendência do neoliberalismo...

Fechando este parêntese que já vai longo, voltemos à reunião do Congresso Operário de 1890: na hora da votar as resoluções, o belga Raymond Lavigne encaminhou uma proposta de organizar uma grande manifestação internacional, ao mesmo tempo, com data fixa, em todas os países e cidades pela redução da jornada de trabalho para 8 horas e aplicação de outras resoluções do Congresso Internacional. Como nos Estados Unidos já havia sido marcada para o dia 1º de maio de 1890 uma manifestação similar, manteve-se o dia para todos os países.

No segundo Congresso da Segunda Internacional em Bruxelas, de 16 a 23 de setembro de 1891, foi feito um balanço do movimento de 1890 e no final desse encontro foi aprovada a resolução histórica: tornar o 1º de maio como "um dia de festa dos trabalhadores de todos os países, durante o qual os trabalhadores devem manifestar os objetivos comuns de suas reivindicações, bem como sua solidariedade".

Como vemos, a greve de 1º de maio de 1886 em Chicago, nos Estados Unidos, não foi um fato histórico isolado na luta dos trabalhadores, ela representou o desenrolar de um longo processo de luta em várias partes do mundo que, já no século XIX, acumulavam várias experiências no campo do enfrentamento entre o capital (trabalho morto apropriado por poucos) versus trabalho (seres humanos vivos, que amam, desejam, constroem e sonham!).

O incipiente movimento operário que nascera com a revolução industrial, começava a atentar para a importância da internacionalização da luta dos trabalhadores. O próprio massacre ao movimento grevista de Chicago não foi o primeiro, mas passou a simbolizar a luta pela igualdade, pelo fim da exploração e das injustiças.

Muitos foram os que tombaram na luta por mundo melhor, do massacre de Chicago aos dias de hoje, um longo caminho de lutas históricas foi percorrido. Os tempos atuais são difíceis para os trabalhadores, a nova revolução tecnológica criou uma instabilidade maior, jornadas mais longas com salários mais baixos, cresceu o número de seres humanos capazes de trabalhar, porém para a nova ordem eles são descartáveis. Essa é a modernidade neoliberal, a realidade do século que iniciamos, a distância parece pequena em comparação com a infância do capitalismo, parecemos muito mais próximos dela do que da pseudo racionalidade neoliberal, que muitos ideólogos querem fazer crer.

A realidade nos mostra a face cruel do capital, a produção capitalista continua a fazer apelo ao trabalho infantil, somente na Ásia, seriam 146 milhões nas fábricas, e segundo as Nações Unidas, um milhão de crianças são lançadas no comércio sexual a cada ano!

Marx

Bakunin

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